O ex-deputado federal Julian Lemos (União Brasil–PB), um dos principais articuladores da campanha de Jair Bolsonaro (PL) no Nordeste em 2018, fez duras críticas ao ex-presidente da República. Em entrevista nesta quinta-feira (12), Lemos não poupou palavras ao falar sobre o ex-aliado, que recentemente prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma possível tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Julian Lemos, que teve papel de destaque ao lado de Bolsonaro no início de sua ascensão política, rompeu publicamente com o ex-presidente e hoje afirma ter se decepcionado profundamente. “Bolsonaro é um farsante. Um homem público que nunca esteve à altura do cargo que ocupou. Seu mandato foi uma tragédia, marcado por polêmicas, desinformação, atritos institucionais e um altíssimo custo humano durante a pandemia”, afirmou.
O ex-parlamentar avaliou que Bolsonaro foi fruto do desgaste da classe política e do antipetismo, mas desperdiçou a oportunidade histórica que teve. “Ele se apresentou como símbolo de renovação e combate à corrupção, mas se afastou disso com condutas pessoais e políticas que desmentem seu discurso. Usou bandeiras como família, cristianismo e patriotismo apenas como retórica vazia para se manter no poder”, argumentou.
Segundo Lemos, o ex-presidente não apenas traiu os ideais que dizia defender, mas também traiu seus próprios aliados. “Bolsonaro é desleal. Um político movido por interesses pessoais, sem compromisso com ninguém. Quem conhece de perto sabe: é um narcisista com traços de sociopatia. Não tem eleitor, tem súditos”, disse.
A entrevista também escancarou os bastidores da relação entre Lemos e Bolsonaro. Segundo o ex-deputado, a proximidade entre os dois era intensa: “Era quase uma relação de pai e filho, mais por parte dele. Eu organizei toda a campanha dele no Nordeste, cuidei da segurança, das agendas, banquei eventos. Fui o responsável por colocar Bolsonaro no mapa da política nordestina. E depois fui descartado”, revelou.
Lemos afirmou que a relação desandou após o ciúme e a interferência dos filhos do ex-presidente, Eduardo e Carlos Bolsonaro. “Me tornei um alvo. Eles decidiram que eu não poderia mais ser eleito e trabalharam para destruir minha imagem. Mas o grande responsável pela queda de Bolsonaro foram os próprios filhos dele”, afirmou.
Questionado se acredita que Bolsonaro terá força política para um eventual retorno em 2026, Julian Lemos foi categórico: “Não. Ele se desconstrói a cada dia. Perdeu para ele mesmo. Nunca teve projeto de país, apenas de poder”, acrescentou.
Ao final da entrevista, Lemos classificou o período em que esteve ao lado de Bolsonaro como “tempo de ingenuidade política” e afirmou ter sido usado. “Bolsonaro é uma faca — cortou muitos, mas tem prazo de validade. E o fim político dele está próximo”, finalizou.
Com Fonte83